THIAGO E RAQUEL – MAIS UM CASAMENTO COM AUDIODESCRIÇÃO

Fotografia colorida de Thiago e Raquel saindo da igreja e passando no meio dos padrinhos e convidados. A noiva, uma jovem morena de cabelos pretos semi-presos com tiara de strass, usa vestido branco acinturado com saia e cauda amplas, tomara-que-caia, preso a uma gargantilha bordada. No canto esquerdo, a audiodescritora sorri segurando o roteiro.

Descrição: Fotografia colorida de Thiago e Raquel saindo da igreja e passando no meio dos padrinhos e convidados. A noiva, uma jovem morena de cabelos pretos semi-presos com tiara de strass, usa vestido branco acinturado com saia e cauda amplas, tomara-que-caia, preso a uma gargantilha bordada. No canto esquerdo, a audiodescritora sorri segurando o roteiro.

Casamento com audiodescrição tem mais emoção e informação, porque todos os convidados, incluindo aqueles que não enxergam podem participar com a mesma intensidade, mais independência e autonomia, sem precisar de alguém para ficar cochichando no ouvido. As pessoas com deficiência visual podem saber como é o vestido da noiva, como estão vestidos os padrinhos e convidados, como está decorada a igreja e o salão da recepção. Podem acompanhar todos os detalhes da cerimônia e saber até quem tropeçou no tapete ou da birra da daminha que teimava em não entrar… Tudo é registrado pelos olhos atentos do profissional audiodescritor e transformado em palavras.

Fotografia colorida de Thiago, um jovem de pele clara, cabelos pretos penteados para trás, com óculos escuros e fone de ouvido, entrando sorridente com sua mãe, na igreja enfeitada com flores vermelhas e brancas. Ele usa meio fraque preto com colete e gravata plastron (amarrada como lenço) prata. Ela usa vestido longo, azul piscina, sem mangas, bordado com pedrarias no busto, e carteira preta com bordados prata.

Descrição: Fotografia colorida de Thiago, um jovem de pele clara, cabelos pretos penteados para trás, com óculos escuros e fone de ouvido, entrando sorridente com sua mãe, na igreja enfeitada com flores vermelhas e brancas. Ele usa meio fraque preto com colete e gravata plastron (amarrada como lenço) prata. Ela usa vestido longo, azul piscina, sem mangas, bordado com pedrarias no busto, e carteira preta com bordados prata.

O casamento de Thiago Magalhães e Raquel Fernandes, realizado no dia 18 de janeiro, na Igreja Batista de Itapema, em Guarujá, foi o quarto que fizemos com audiodescrição. Embarcamos, eu e Fátima Angelo, no sábado cedo, rumo ao litoral. Thiago, natural de Ilhéus, é  instrutor de Informática no Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores e na Fundação Bradesco, em Campinas. Raquel, de Vicente de Carvalho, é Intérprete de Libras e professora de Educação Especial e Inclusiva na Baixada Santista. Além do noivo, que é cego, muitas pessoas com deficiência visual estavam entre os convidados e padrinhos, a maioria assistindo pela primeira vez a um casamento com audiodescrição.

Leonardo Gleison, técnico em informática e tecnologia assistiva da Laramara, lá estava com sua noiva Camila. Para ele, um casamento com audiodescrição não era novidade, pois já havia assistido ao enlace de Adriana e William com o recurso e está planejando o seu casamento com Camila, que naturalmente também contará com audiodescrição. O seu depoimento abaixo deixa claro que a audiodescrição veio para ficar casamentos, ampliando a compreensão e evitando pequenas gafes:

“Este já é o segundo casamento com audiodescrição que participo e certamente não será o último. A complexidade de uma cerimônia religiosa às vezes confunde muito uma pessoa que não vê. De repente você se vê sentado enquanto todos estão de pé ou ajoelhados, olhando para o altar enquanto todos esperam a noiva entrar pela porta virados para trás. São coisas pequenas, mas que dentro de uma pessoa desperta sentimentos de pequenas frustrações que costumo chamar de “micro-micos”. Diria sem medo de errar que a audiodescrição abre as portas de um mundo de compreensão que antes não existia para todos que temos deficiência visual.”

Fotografia colorida de Camila, uma jovem de pele clara, cabelos castanhos lisos e longos, usando vestido longo azul petróleo, com busto bordado de lantejoulas na mesma cor. Atrás dela, está Leo, um jovem alto e magro, ambos usando fones de ouvido.

Descrição: Fotografia colorida de Camila, uma jovem de pele clara, cabelos castanhos lisos e longos, usando vestido longo azul petróleo, com busto bordado de lantejoulas na mesma cor. Atrás dela, está Leo, um jovem alto e magro, ambos usando fones de ouvido.

Camila, sua noiva, aluna do 5º semestre de Pedagogia, perdeu a visão devido a um descolamento de retina, em 2012. Para ela, a audiodescrição no casamento do Thiago e Raquel tornou o evento muito mais emocionante:

“Foi a 1ª vez que participei de um casamento com audiodescrição, particularmente, adorei saber de todos os detalhes e expressões das pessoas, isso tornou o evento bem mais lindo e emocionante. A audiodescrição é muito importante para nós deficientes visuais, pois ficamos a par de tudo que está acontecendo na cerimônia, como quando alguém está entrando ou até mesmo de um olhar apaixonado dos noivos, que são coisas que na maioria das vezes nos sentimos frustrados de todos aplaudirem e nem sabermos o porquê.”

As amigas Míriam Freitas e Carla Malafaia, de Campinas, uma cega e a outra com baixa visão, chegaram apressadas e tão elegantes estavam, que pensamos ser madrinhas. Míriam trabalha no Hospital da PUC, como auxiliar de Radiologia e é aluna de Thiago no Instituto dos Cegos. Carla faz curso deTecnologia da Comunicação e Informação no CPqD. As duas, assistindo a um casamento com audiodescrição pela primeira vez, comentaram sobre a importância de poder acompanhar a cerimônia da mesma forma que os outros convidados:

“A audiodescrição foi de suma importância e nos permitiu acompanhar o casamento da mesma forma que os demais convidados. Me senti totalmente independente. Só o fato de não ter que ficar dependendo de uma outra pessoa para descrever o que estava acontecendo na cerimônia, pra mim foi o máximo. Parabéns a você pelo trabalho e aos noivos! Pela preocupação em proporcionar aos amigos, com deficiencia visual, a oportunidade de acompanhar com todos os detalhes um dos dias mais importante de suas vidas.” (Míriam Freitas)

“Foi muito bom participar de um casamento com este recurso de audiodescrição, é muito importante para os convidados  para que esta participação seja plena e a nossa compreensão seja mais clara.” (Carla Malafaia)

Lucélia Zani, psicóloga que perdeu a visão há 8 anos, e o marido, Adriano, estudante de fisioterapia, foram padrinhos do noivo. Os dois aceitaram com prazer os fones e receptores para acompanharem o casamento com audiodescrição e comentaram sobre o potencial inclusivo do recurso:

“Adoramos! Foi como se eu pudesse novamente voltar a enxergar por alguns minutos. Além de ter sido super inclusivo.” 

Fotografia colorida de Adriano e Lucélia, ajeitando os receptores. Ela é uma jovem loura, de cabelos lisos presos e olhos claros; usa vestido longo em tons de azul degradê, com decote V, drapeado no busto e preso no pescoço por alças bordadas de lantejoulas prata que também contornam o busto. Ele é um jovem de pele clara, cabelos castanhos curtos; usa terno marrom escuro e colete sobre camisa lilás e gravata listrada de preto e branco. Ele segura a bolsa prata de Lucélia enquanto ela ajeita o receptor.

Descrição: Fotografia colorida de Adriano e Lucélia, ajeitando os receptores. Ela é uma jovem loura, de cabelos lisos presos e olhos claros; usa vestido longo em tons de azul degradê, com decote V, drapeado no busto e preso no pescoço por alças bordadas de lantejoulas prata que também contornam o busto. Ele é um jovem de pele clara, cabelos castanhos curtos; usa terno marrom escuro e colete sobre camisa lilás e gravata listrada de preto e branco. Ele segura a bolsa prata de Lucélia enquanto ela ajeita o receptor.

E com a palavra, a noiva, Raquel Fernandes:

“Solicitei a audiodescrição depois que li a reportagem de um casamento que a Lívia havia feito no Nordeste se não me engano, mais que depressa peguei o nome dela e fui pesquisar um meio de contatá-la pelas redes sociais, consegui falar diretamente com ela que se mostrou uma pessoa muito acessível e solícita ao meu pedido – receba o meu carinho, minha admiração e o meu sincero agradecimento Lívia. A princípio, pensei em fazer uma surpresa para o meu noivo (hoje meu marido), depois de acertar tudo com ela comuniquei a ele minha “arte” ele muito feliz sorriu “Disse que eu era muito determinada, que quando colocava algo na cabeça ninguém tirava e eu ia atrás mesmo” rsrrs e imediatamente deu a ideia de todos os convidados cegos terem acesso ao recurso, assim combinamos e conseguimos juntos realizar nosso sonho. Foi simplesmente maravilhoso, a experiência foi ímpar …. Nosso casamento marcou a vida de muitos amigos, oferecemos os serviços de audiodescrição com a Lívia Motta e Interpretação em Libras Com Déborah Fonseca, me arrepiei de emoção quando entrei na igreja e tive a certeza que tanto os amigos surdos e/ou deficientes auditivos como os cegos e / ou deficientes visuais estavam acompanhando tudinho, nos mínimos detalhes. A cerimônia de casamento é um momento sublime na vida de uma mulher e precisava partilhar este momento tão lindo com nossos amigos independentemente da necessidade de cada um, nossas expressões, a felicidade que estávamos sentindo, a realização do nosso sonho, enfim nada podia passar despercebido pois cada momento foi muito especial para nós !!! Na simples recepção familiar não foi diferente, tive o prazer de acompanhar a audiodescrição do ladinho do meu marido com um sorriso lindo no rosto partilhamos os fones e curtimos a retrospectiva, chorei …. Lívia Motta você foi fundamental para tornar este sonho realidade em nossas vidas … Mais uma vez receba o meu muito obrigada.” (Raquel Fernandes – Pedagoga e Intérprete de Libras)

Parabéns aos noivos pelo casamento e pela preocupação com os recursos de acessibilidade! Lá estava, além das audiodescritoras, uma intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), traduzindo a cerimônia para vários convidados surdos.

Por Lívia Motta – publicado em 27 de janeiro de 2014.

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