Descrição: fotografia colorida de oito funcionários da Biblioteca Braille do Centro Cultural São Paulo, dentre eles Sr. Jair, Edna segurando no braço de Nelsinho e Maria Helena Chenke, descendo a escadaria com piso emborrachado e corrimãos de metal marrom, que dá acesso à Sala Jardel Filho. Na lateral esquerda, torre envidraçada do elevador, com molduras brancas.
Foi grande o número de pessoas com deficiência visual que assistiram ao musical O FANTASMA DO SOM com audiodescrição na sexta feira, dia 15/03. Lá estiveram várias pessoas da Fundação Dorina Nowill para cegos, um grupo grande do CADEVI, todos assistindo a uma peça com audiodescrição pela primeira vez; algumas pessoas da ONG Amigos prá Valer e também os funcionários da Biblioteca Braille do Centro Cultural São Paulo.
Poliana, uma garotinha loura com cabelos compridos e lisos, que frequenta a Laramara e que faz aulas de ballet na Cia Fernanda Bianchini, chegou com sua mãe e a amiga universitária Yasmim. Tão pequena e já tão antenada com as questões de acessibilidade… Deu entrevista para TV Brasil com desenvoltura, destacando como é bom assistir a uma peça com audiodescrição e reclamando que ainda são poucos os lugares a oferecer o recurso. Perguntei o que ela tinha mais gostado e ela, sem pestanejar, disse que foi a faxineira tocando saxofone…
Descrição: fotografia colorida, em plano americano (dos joelhos para cima), de Poliana, uma garotinha loura sorridente, de cabelos compridos e lisos com franja e tiara com grande flor branca, óculos com armação transparente e hastes vermelhas, usando vestido branco com listras finas pretas e um bolero preto com broche dourado. Ela está com uma bolsa cor de rosa pendurada no braço, segurando sua bengala com as duas mãos.
Ian, amiguinho que comparece sempre a espetáculos e filmes com audiodescrição, dentre eles duas óperas, o Festival Internacional de Bonecos do Mundo, a peça Mozart Apaga a Luz, lá estava acompanhado pela jornalista do Estadão, Fernanda Araújo, que pesquisa e escreve matérias sobre lugares acessíveis.
Descrição: fotografia colorida, tirada da lateral direita da Sala Jardel Filho, da plateia repleta, com destaque para Ian, usando camiseta preta e fones de ouvido, sentado na primeira cadeira da fileira N, segurando sua bengala. No canto superior esquerdo, ao fundo, a cabine de audiodescrição iluminada.
Todos puderam acompanhar bem de perto e com detalhes, antes exclusivos das pessoas que enxergam, as trapalhadas de Urgel, o sonoplasta fanho que junto com Cidinha, a faxineira que toca saxofone, flauta e clarinete, acabaram enrolados em rolos de fitas. Conheceram e aplaudiram as atrizes do rádio: a engraçada e mandona Suzete Rupião, “que pinta o sete de montão”; a portuguesa resfriada Constantina Constante, e a cantora e tocadora de guitarra Neuza Maria. Viram a chegada da sobrinha americana de Pino e Mercedes, com suas roupas vistosas, turbante enfeitado com uma grande flor vermelha e deram risada com Cid Farnel, o cantor dos lábios de mel.
Na sala Jardel Filho lotada com muitas crianças vindas de escolas, ouviam-se gritos excitados quando o fantasma de Janete entrava no palco, equilibrando-se em pernas de pau e parecendo flutuar com suas longas e amplas vestes brancas. Sem a audiodescrição, este movimento da plateia seria mais um ponto de interrogação e um grande incômodo para os espectadores com deficiência visual: o que está acontecendo? O que estou perdendo???
Depois do espetáculo, os espectadores conversaram com os atores, e conheceram alguns figurinos pelo tato. Pino Azambuja, personagem com deficiência visual, interpretado por Alexandre Faria, mostrou para Poliana seus óculos escuros, sua bengala de madeira e colocou sua mãozinha sobre a lapela larga do terno xadrez. Mercedes, a mulher de Pino, com os cabelos e decote enfeitados com coloridas flores de pano e uma saia cheia de babados também deixou que a pequena tocasse seus adereços.
Mesmo trabalhando há tanto tempo com a audiodescrição, continua sendo formidável perceber o entusiasmo das pessoas após o espetáculo, combustível essencial para minha motivação e vontade de ir além.
Ouça aqui um trecho da audiodescrição do musical na matéria da Radioagência Nacional.
Por Lívia Motta – publicado em 18/03/2013.
Fotos de Andrea Pedro.
Parabéns, Lívia! Mais uma vez a leveza das suas palavras permitiu que pessoas cegas tivessem acesso a um produto cultural podendo experimentar as sensãções vivenciadas por quem enxerga ao assistir a um musical.
Muito obrigada, querida Jacqueline!!! Quando vc virá a S.Paulo assistir a uma peça com audiodescrição?
Estou com saudades… Beijo grande.
Livia,
como sempre você foi sensacional no seu trabalho. Como foi bom ve-la através do vidro da cabine se divertindo ao fazer a audiodescrição. A diversão que eu me refiro era a sua vibração em descrever o espetáculo e sentir o prazer que estava sendo proporcionado ao público. Aliás, desde o inicio, quando dos ensaios você já estava curtindo o espetáculo. Eu e a Ana Maria, que estava com fone de ouvido, pudemos apreciar a sua performance lá dentro na cabine. Ficamos orgulhosas de você, a nossa professora querida.
Saiba também, que o pessoal da Braille adorou.
Grande abraço e até dia 23/3/. Viva a Audiodescrição!!!!!!!!!!!! É a revolução dos tempos!!!!!!!!!
Oi querida Lizette,
Sem dúvida, foi muito legal fazer a audiodescrição do musical O FANTASMA DO SOM. Assisti muitas vezes e em todas me divirti com as cenas, as falas e aventuras da Suzete Rupião, do Cid Farnel… Que bom saber que o pessoal da Biblioteca Braille gostou!!!
Foi um grande prazer revê-la!!!
Beijo grande.