GRANDE PÚBLICO COM DEFICIÊNCIA VISUAL APLAUDE OS BOÊMIOS DE ADONIRAN COM AUDIODESCRIÇÃO NO HSBC BRASIL

Fotografia colorida de várias pessoas com e sem deficiência, junto com o pessoal da VER COM PALAVRAS, no hall do HSBC Brasil.

Nem o aguaceiro que caiu em São Paulo no final da tarde de domingo conseguiu afastar o público com deficiência visual do espetáculo OS BOÊMIOS DE ADONIRAN, apresentado no HSBC Brasil, um projeto do Instituto Cultural Brasilis.

Mais de 50 pessoas com deficiência visual aplaudiram de pé o vibrante espetáculo escrito por Juliana Lucilha e dirigido por Milton Machado. As famosas canções de Adoniran Barbosa como Trem das Onze, Samba do Arnesto, Saudosa Maloca, Iracema, As Mariposas, dentre outras, que retratam personagens tipicamente paulistanos, foram apresentadas entremeadas de histórias bem humoradas e lembranças de São Paulo de antigamente.

As pessoas com deficiência visual não se intimidaram com a chuva, a distância, as dificuldades com condução. Lá estiveram e puderam apreciar em igualdade de oportunidades um espetáculo alegre, com boa música, dança e interpretação.

Fotografia colorida de várias pessoas com deficiência visual, posando para foto no hall do HSBC Brasil. No meio deles, Ricardo Shimosakai, do Turismo Adaptado.

É perceptível o crescimento do público com deficiência visual que tem frequentado teatros, cinemas e outros espaços culturais a partir do nascimento da audiodescrição no Brasil. Eu sempre aponto para a necessidade de contactar, divulgar, chamar este público, pois quando a pessoa com deficiência visual assiste a um espetáculo com audiodescrição, certamente, vai querer repetir a experiência, vai passar a reivindicar o recurso em outras produções e espaços. Além disso, os teatros, cinemas e outros espaços culturais precisam perceber que este público existe e é carente de produtos acessíveis.

Preparar a audiodescrição de uma peça, filme, espetáculo de dança, show, ópera ou outro evento não restringe-se, portanto, apenas à elaboração do roteiro de audiodescrição e narração em cabine. Implica também em outros procedimentos que incluem: a contratação de empresa de equipamentos, a visita técnica para verificação da instalação dos equipamentos, a elaboração de convites acessíveis, a divulgação por meio eletrônico e outros meios, a preparação do local para receber pessoas com deficiência, a recepção do público. Quanto mais entendermos as necessidades e dificuldades do público com deficiência visual, mais poderemos atender às suas expectativas.

Já ouvi alguns “pessimistas de plantão” dizendo que são sempre as mesmas pessoas que frequentam os espetáculos, como se isso invalidasse o esforço de formação de plateia. Sim, são muitas as pessoas com deficiência visual que vão a um, dois, três, quatro espetáculos. Contamos com a parceria e colaboração do grupo Amigos prá Valer na divulgação e presença constantes, o que tem sido fantástico. Além disso, o que temos percebido é que a cada espetáculo, novas pessoas estão chegando; há sempre dois ou três que nunca assistiram a um espetáculo com audiodescrição. Para um audiodescritor, isso é essencial, é a energia da acessibilidade circulando e se renovando… Público tem, quer apostar??? Só não vai cair do céu…

Por Lívia Motta – em 18 de fevereiro 2014.

4 Comentários para GRANDE PÚBLICO COM DEFICIÊNCIA VISUAL APLAUDE OS BOÊMIOS DE ADONIRAN COM AUDIODESCRIÇÃO NO HSBC BRASIL

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    Lívia

    Como sempre, excelente!!

    O argumento: são sempre os mesmos não faz muito sentido prá mim: afinal, todo artista tem um “público cativo”, que faz todo o possível para ver seus ídolos. E isso é valorizado.

    Por que, então, no caso de pessoas com deficiência, o mesmo argumento é utilizado prá desvalorizar esse “público cativo”???

    Qual é o problema de buscar espetáculos com AD? Afinal, essas pessoas vão a óperas, filmes, balês… o espetáculo muda a cada vez.

    As empresas lutam prá fidelizar seus clientes e isso é valorizado. E por que a fidelização do público com deficiência é desvalorizada??

    E, como vc constata, a cada espetáculo aparecem outras pessoas, inclusive com outras deficiências: vi o Ricardo Shimosakai nas fotos – cadeirante.

    Adelante!

    Comno dizia Quintana: Eles passarão, eu passarinho!!

    beijos
    Marta

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      Pois é, querida Marta, a fidelização do cliente, o público cativo, tudo isso é super importante. Adorei a frase de Quintana!!!
      Beijos.

  2. avatar

    Lívia, mais uma vez parabéns pelo seu belo trabalho. Não se abale com as críticas. Se as pessoas voltam é porque é bom mesmo e a maioria das grandes empresas valorisa os clientes que repetem suas experiências. Forte abraço.

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      Obrigada, Gabriel pela sua presença e Larissa no espetáculo!!! Lembro tão bem do seu comentário na primeira vez que vc foi assistir a uma ópera: “Fiquei frustrado em saber que perdia tantas coisas…” Foi marcante para mim. E vc já voltou várias vezes, não é mesmo???
      Beijo grande.

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