Quem audiodescreve filmes, documentários e exposições em museus, quem descreve imagens estáticas para livros didáticos e paradidáticos, certamente, já audiodescreveu ou descreveu as formas, as famosas curvas de Oscar Niemeyer em suas impressionantes construções, esculturas e desenhos, verdadeiras obras de arte. Sem dúvida, o maior arquiteto brasileiro! No tempo que passou internado, lúcido o tempo todo, como comentaram os médicos, ele falava de projetos e de vida, nunca de morte. Partiu, mas permanece seu enorme legado.
Só no final de semana da Virada Inclusiva, foram três os encontros com a genialidade de Niemeyer. O primeiro foi no Auditório do Ibirapuera, com capacidade para 800 pessoas, um imponente e moderno prédio de concreto, com fachada branca e uma grande língua ou labareda de metal vermelha na entrada, concebido por ele para apresentações de espetáculos musicais. Lá foi apresentado, em dois dias, o lindo espetáculo da OBA – Orquestra Brasileira do Auditório com a participação do grupo Abaçaí, grupo folclórico que estuda e reproduz manifestações rituais brasileiras, com audiodescrição.
O segundo encontro aconteceu no Auditório Simon Bolívar, parte do complexo arquitetônico idealizado por Niemeyer, durante o encerramento da Virada Inclusiva. No foyer do auditório, fizemos a audiodescrição do espetáculo da Companhia Fernanda Bianchini de Ballet, que apresentou trechos dos ballets de repertório: A Bela Adormecida e Quebra Nozes.
E o terceiro, foi com a impressionante escultura localizada na Praça Cívica, A Mão, em concreto aparente, com sete metros de altura, em cuja palma está desenhado, em vermelho como se fosse sangue, o mapa da América Latina. Lá fizemos a audiodescrição de um video mapping, que transformou A Mão em uma escultura viva e interativa, realização da W3C Brasil para destacar que a web deve ser acessível a todas as pessoas.
Niemeyer que dizia que: “a arquitetura tem que criar espanto e beleza”, inspirava-se nas curvas femininas, o que deixou registrado no singelo poema abaixo, prato cheio para quem gosta de arte, poesia, arquitetura e audiodescrição:
POEMA DA CURVA
Não é o ângulo reto que me atrai,
Nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo o homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual.
A curva que encontro no curso sinuoso dos nossos rios,
nas nuvens do céu,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo,
O universo curvo de Einstein.
Por Lívia Motta – publicado em 06 de dezembro de 2012.
Eu esperava encontrar aqui a audiodescrição da imagem.
Prezada Lívia, creio que não nos conhecemos pessoalmente, mas sou sua fã. Sou arquiteta com deficiência física e consultora em acessibilidade. A descrição das famosas curvas de Niemeyer vem dar mais poesia e afeto à obra deste arquiteto e ao seu brilhante trabalho.
PARABÉNS! Espero que estejamos juntas em algumas destas experiências fantásticas.
Abraços,
Regina Cohen – Arquiteta
Núcleo Pró-Acesso – UFRJ
Cara Regina,
Que prazer receber uma msg sua em meu blog!!! Muito obrigada pelo carinho! Não nos conhecemos pessoalmente, mas já ouvi falar de seu trabalho e espero que possamos trabalhar juntas em algum projeto. Um beijo.
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Lívia, que bela e poética homenagem à arquitetura de Niemeyer, que as pessoas com deficiência visual puderam e vão poder desfrutar muito ainda pela audiodescrição! Já estava com saudade de seus posts e sei que vem vindo (mais) um bem bacana…
Parabéns, um beijo!
Muito obrigada, querida Lucia!!! Fico realmente chateada em não poder escrever com mais frequência no blog. Todos os eventos que fazemos, as experiências fantásticas que temos a oportunidade de vivenciar, tudo isso precisa de um registro sistemático, não é verdade? Beijo grande.