SÉRGIO SÁ IN CONCERT – UM SHOW COM AUDIODESCRIÇÃO

Fotografia colorida, em plano médio, de Sérgio Sá, homem de cabelos grisalhos, usando óculos escuros, terno cinza chumbo sobre camisa listrada de preto e branco. Ele está sentado com o braço apoiado sobre as teclas de um piano com cordas e martelos à mostra.

O Tom Jazz é uma casa de show pequena e aconchegante, com pé direito bem alto, um mezanino, paredes de tijolos à vista, mesinhas com tampo de mosaico colorido e cadeiras forradas de tecido preto. Nas paredes de tijolos, fotografias em preto e branco de cantores, dentre eles: Célia, Miucha, Dominguinhos, Yamandu Costa e outros. À frente, um pequeno palco, onde está um piano de cauda preto Yamaha, duas caixas de som grandes, microfones de pedestal e um telão. A logomarca da casa, composta pelo desenho de um gato branco com rabo arrepiado, sobre um círculo preto contornado por filete de luz branca, destaca-se acima do telão.

Foi aqui que o cantor, compositor e poeta, Sérgio Sá, apresentou o seu show: SÉRGIO SÁ IN CONCERT, no dia 5 de junho, mesclando seus sucessos dos anos 70 e 80 com histórias de como nasceram e com depoimentos de artistas que participarão do próximo CD.

Seus movimentos, figurinos, o momento que ele se transforma em Paul Bryan, pseudônimo utilizado para suas composições em inglês, as características do local, iluminação e intervenções visuais que compuseram o show, assim como a presença de Tina, sua mulher, no palco, tudo isso foi prontamente registrado e transmitido para os fones de ouvido dos convidados com deficiência visual que lá estiveram. Um show com audiodescrição, por que não?

Logo que recebi o convite, imaginei que seria interessante fazer a audiodescrição do evento, já que lá, certamente, estariam presentes outras pessoas com deficiência visual, além de Sérgio. Com equipamento móvel de tradução simultânea da Riole, a acessibilidade comunicacional pôde conquistar um novo espaço, marcar presença em um show. Para isso, recebi o roteiro do espetáculo e cheguei mais cedo ao local com as audiodescritoras Fátima Angelo e Jumara Bienias. Testamos o equipamento, escolhemos um lugar para eu me posicionar sem perturbar o público ali presente, já que não teríamos cabine, fizemos a descrição minuciosa do local e aguardamos os convidados com deficiência visual para distribuir os equipamentos.

Fotografia colorida de Lívia, com casaquinho e saia lilás, em pé, entregando o equipamento para Paula França, que usa blusa vermelha e chapéu preto e está sentada à mesa com seu acompanhante.

Algumas pessoas podem achar que esse tipo de espetáculo dispensa o uso de audiodescrição. Afinal, são músicas… Entretanto, mesmo em um show musical, é grande o conteúdo imagético que precisa ser traduzido em palavras, o que, sem dúvida nenhuma, contextualiza, inclui e enfatiza o direito do cidadão com deficiência visual de acesso às mesmas informações que as pessoas que enxergam têm.

Fotografia colorida de Leila Klas, com bata branca, e de AC Barqueiro, com jaqueta preta, ambos com fones e receptores, sentados à mesa.

Conheci Sérgio Sá e Tina em um curso de audiodescrição, na Laramara. Ele foi acompanhar Tina em uma aula, gostou das discussões e foi ficando em várias outras. Suas impressões sobre cores e detalhes percebidos nas cenas assistidas, suas reflexões sobre o ver e o enxergar contribuíram sensivelmente para o enriquecimento do curso.

Li seu livro: AOS OLHOS DE UM CEGO, no qual ele apresenta o universo de uma pessoa cega de uma forma poética, falando sobre  sons, sabores e texturas das cores; sobre poder cheirar o azul, saborear o lilás, tocar o branco. Um convite para uma viagem ao mundo dos sentidos!!!

E gostei demais do show, de suas canções e de sua trajetória bem sucedida como músico e compositor.

Publicado por Lívia Motta – em 17 de junho de 2013.

 

2 Comentários para SÉRGIO SÁ IN CONCERT – UM SHOW COM AUDIODESCRIÇÃO

  1. avatar

    Olá, Lívia! O show do Sérgio Sá com audiodescrição é mais um evento que eu adoraria estar presente! Não concordo de jeito nenhum com quem pensa que uma apresentação musical dispensa audiodescrição. Primeiramente, porque a AD promove a igualdade, vez que permite que espectadores cegos tenham acesso às mesmas informações dos demais. Além disso, o figurino do músico, a arquitetura do teatro, o cenário, tudo isso contribui para um contato mais próximo com o show. Por meio dessas informações é possível sentir melhor a própria música, pois, trata-se de um contato com a atmosfera do momento. Parabéns por mais este trabalho!

    • avatar

      Querida Jacqueline,
      Pois é isso mesmo, um show pode e deve ser acessível. Certamente as pessoas com deficiência visual terão mais informações sobre o local, os recursos visuais utilizados, sobre figurinos, iluminação, pessoas presentes… E como vc disse, poderão sentir melhor a própria música. Beijo grande e saudoso.

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