O final de tarde caótico em São Paulo com muitos pontos de inundação e trânsito parado não impediu que 40 pessoas com deficiência visual e seus acompanhantes assistissem à segunda apresentação de ENSINA-ME A VIVER com audiodescrição no Teatro das Artes, ontem (27/02). Desta vez estiveram presentes pessoas da Associação de Cegos de Taubaté, PRODAM, Itaú Unibanco, Cielo, SP Turis, Grupo Retina São Paulo, Faculdades Sta Marcelina e Anhembi Morumbi. A audiodescrição, resultado da parceria do Programa Vivo EnCena com Primeira Página Produções Culturais, permitiu que todas essas pessoas pudessem apreciar a peça como as pessoas que enxergam, ou seja tendo acesso às informações visuais, como cenário, figurino, gestos e expressões, além do desenrolar das cenas. Tudo isso essencial para o entendimento.
O depoimento de Laércio Sant´Anna, analista de sistemas da PRODAM, aponta para a importância da acessibilidade nos teatros e em outros locais de entretenimento:
“Para mim, ontem, a audiodescrição teve um gostinho especial…”
“Ontem tive o prazer de assistir, no Teatro das Artes (Shopping Eldorado em São Paulo), a famosa peça ENSINA-ME A VIVER. Encenada por Glória Menezes e Arlindo Lopes, sucesso absoluto de público e crítica, que emocionou mais de 250 mil pessoas em São Paulo e Rio de Janeiro em mais de 300 apresentações, retornou a São Paulo para curta temporada popular. O diferencial foi justamente a audiodescrição. Pela 1ª vez, o Teatro das Artes ofereceu esse recurso. Isso aconteceu no domingo passado e ontem.
Realmente, a peça é maravilhosa. Quanto à performance dos atores, não há o que comentar. Quem não foi, não deve perder a oportunidade. O preço está realmente popular, e é nesse quesito que eu gostaria de apontar a minha primeira satisfação:
Foi muito bom chegar no teatro, comprar meu ingresso, e ter condições de absorver todo o conteúdo da peça. Isso aconteceu graças à qualidade da audiodescrição. Embora eu estivesse com a minha esposa, percebi toda a estrutura montada para o atendimento das pessoas com deficiência. Ao chegar na bilheteria já fui abordado por uma pessoa que prontamente se ofereceu para me conduzir até o meu acento no teatro. Ao receber o receptor para a audiodescrição, uma outra assistente ficou à disposição para me auxiliar na resolução de qualquer problema com o equipamento, bem como no esclarecimento de como manuseá-lo.
Eu digo que foi muito bom "chegar no teatro e comprar meu ingresso", porque, pela 1ª vez, me senti um espectador com os mesmos direitos e deveres de qualquer outro. Paguei pelo direito de assistir aquela peça, e tive, com o recurso da audiodescrição, o mesmo entendimento sobre tudo que aconteceu no palco: a sensação foi de plena cidadania!
Um acontecimento que me deixou muito feliz foi o respeito à audiodescrição demonstrado pelos atores. Devido às fortes chuvas que caíram em toda a cidade de São Paulo na tarde de ontem, o trânsito ficou muito complicado. Aguardava-se um grupo de deficientes visuais de Taubaté. No horário marcado para o início da peça a própria Glória Menezes pediu que tivéssemos paciência, mas aguardariam alguns minutos para que o grupo chegasse, ao que, pelo menos eu, não ouvi qualquer manifestação de descontentamento com a atitude. O grupo chegou a tempo, e a peça foi um sucesso.
Por fim, ao final da peça, o Arlindo Lopes agradeceu a presença de todos, e para minha alegria, mais uma vez reforçou a questão da audiodescrição, com um discurso muito afinado com a causa. Não tenho a menor dúvida que ganhamos mais um parceiro nessa nossa luta pela audiodescrição em todos os meios de comunicação.
Muito obrigado Glória e Arlindo pela paciência e sensibilidade à causa da audiodescrição. Muito obrigado a todos os atores pela atenção e carinho para conosco ao final da peça, e pelo comprometimento com o assunto, e um obrigado especial à Lívia e equipe de colaboradores da Vivo por nos permitir usufruir de tão maravilhoso espetáculo, proporcionando em contraste com uma tarde tão chuvosa, um anoitecer tão agradável.”
Por Lívia Motta (publicado em 28/02/2011) Colaboração de Laercio Santana.
Boa tarde. Tomei conhecimento da AUDIODESCRIÇÃO hje, atraves da Folha de SP. Estou encantada!
Gostaria muito de poder participar, cursar e ser atuante dessa maravilhosa iniciativa . Por onde devo começar?
Beatiz Kauffmann
11 9161 9151 (sp)
Cara Beatriz, obrigada por visitar VER COM PALAVRAS. Sugiro começar conhecendo mais sobre a audiodescrição. Que tal ler o livro: AUDIODESCRIÇÃO: TRANSFORMANDO IMAGENS EM PALAVRAS, disponível para download no site? Um abraço.