DEUS DA CARNIFICINA DIVERTE PÚBLICO NA PRÉ-ESTREIA – MATÉRIA CQC

 No dia 14/04, aconteceu a pré-estreia para convidados da peça de Yasmina Reza, DEUS DA CARNIFICINA, no Teatro Vivo, já contando com os recursos de acessibilidade: audiodescrição, LIBRAS e legendas. O público que lotou o teatro divertiu-se e aplaudiu de pé o excelente desempenho de Deborah Evelyn, Orã Figueiredo, Julia Lemmertz e Paulo Betti, e a direção competente de Emílio de Mello.

O texto de Yasmina Reza é ágil, bem costurado e traz à tona conflitos e frustrações tão comuns em relacionamentos de casais. Uma situação banal: briga de crianças em uma pracinha acaba transformando-se em um processo catártico para os dois casais, um momento para colocar para fora tudo aquilo que os incomoda. A polidez inicial dá lugar a agressões e troca de farpas.
As situações engraçadas acontecem o tempo todo, entretanto tem algo mais profundo do que somente a comédia. É possível tecer algumas reflexões sobre o quanto realmente interagimos e nos interessamos genuinamente pelas dores do outro; sobre o individualismo, a vontade que a nossa opinião e modo de ver o mundo prevaleçam.
É a própria autora que diz: "Não acredito que o ser humano seja pacífico. Penso que ele não evolui desde a Idade da Pedra e que o verniz social que nos protege da selvageria é inquietantemente suave e sempre a ponto de estourar. Eu escrevo um teatro de tensão, porque as tensões nos governam. Meus personagens são pessoas educadas que pretendem manter a compostura. Mas como são também impulsivos, não conseguem manter as regras que impuseram a si mesmos. E é precisamente essa lutra contra si mesmo que me interessa. Minhas obras sempre foram consideradas comédias mas penso que são tragédias divertidas. Mas tragédias, ao fim…"
A preparação dos recursos de acessibilidade começou bem antes e incluiu o recebimento de DVD com gravação da peça, já que haveria apenas um ensaio, o que não seria suficiente para a elaboração do roteiro de audiodescrição. O DVD também foi essencial para a gravação da peça em LIBRAS, um processo inovador que sendo experimentado com bons resultados no Teatro Vivo, graças ao trabalho competente de Sueli Ramalho, Rimar Segala, Maurício Santana da Iguale, com o apoio técnico de Luiz Eduardo Ricobom.
Além do DVD, recebemos também o texto da peça para a emissão de legendas, o release, o texto do folder para impressão em braille e ampliado, e fotos dos personagens; material esse que nos permitiu a elaboração cuidadosa de todos os recursos de acessibilidade.
As pessoas com deficiência visual presentes, dentre elas: Cristiana Cerchiare, Jucilene Braga, Laércio Sant´Anna, José Vicente, Marilene de Paula e um grupo de Salvador (Iracema Vilaronga, Marcelo, Patrícia Braille e sua irmã) puderam curtir a peça tendo acesso aos elementos visuais do cenário, iluminação, figurinos,  caracterização física dos personagens, movimentação cênica, ações, expressões e gestual.
A elaboração do roteiro é um trabalho delicado que exige atenção e seleção dos elementos mais significativos. Em alguns momentos, o ritmo da peça é bastante ágil e a intimidade do audiodescritor com o texto e seu conhecimento do espetáculo serão fundamentais para a excelência do trabalho.
Outro aspecto que merece destaque é o humor, as cenas que fazem rir. O falar sobre aquilo que é engraçado nem sempre provoca a mesma reação na pessoa com deficiência visual. Já conversei sobre isso Laércio, Paulo, Sidney, Jucilene e Cristiana, e o que me dizem é que, podem não achar engraçado, mas pelo menos ficam sabendo sobre o que a plateia está rindo.
Percebemos, muitas vezes, que a graça está no próprio texto, em uma improvisação, algum gesto sutil ou estereotipado de algum personagem, como por exemplo, a forma como Michel seca as folhas dos livros de arte molhados com o vômito de Anete. Ele aproxima e afasta o secador com movimento rápidos e exagerados o que provoca o riso na plateia. O audiodescritor roteirista e também o audiodescritor narrador precisam estar muito atentos para todos esses detalhes para conseguir traduzí-los com prontidão.
Presente no Teatro Vivo, neste dia, a equipe de reportagem do CQC, programa da Rede Bandeirantes, comandada por Felipe Andreoli. Ele interessou-se em saber sobre a presença das pessoas com deficiência no teatro e sobre os recursos de acessibilidade e fez intervenções bem humoradas, que embora tenham sido reduzidas na edição, contribuíram para divulgar mais um pouquinho a audiodescrição e os recursos de acessibilidade do Teatro Vivo.
Vejam abaixo a matéria.
Ative o vídeo no plug in ou acesse por esse link para usuários de leitores de telas.

 Por Lívia Motta (publicado em 19/04/2011)

2 Comentários para DEUS DA CARNIFICINA DIVERTE PÚBLICO NA PRÉ-ESTREIA – MATÉRIA CQC

  1. avatar

    Muito legal!

    • avatar

      Oi Rosa,
      Muito obrigada por seguir esse blog e divulgá-lo.
      Grande abraço.

Deixe um comentário

Nome:

E-mail::

Links:

Deixe seu comentário: