O poema Fotos, escrito há bastante tempo atrás, para ser lido em um encontro do Grupo Terra, faz uma reflexão sobre fotografia e deficiência visual. Pessoas com deficiência visual apreciam fotos, tiram fotos, posam para fotos, fazem álbuns, publicam suas fotos no Facebook e em outras redes sociais. A falta do sentido da visão não as impede de apreciar a arte ou mesmo de serem fotógrafas. Fotografias permitem reviver momentos, lembrar de pessoas que estão ausentes, trazer figuras e acontecimentos passados de volta para o presente. E tudo isso pode chegar até aquele que não enxerga pelos olhos do outro que irá transformar o universo imagético em palavras.
Com a audiodescrição, apreciar fotos, resgatar momentos registrados há tempos atrás, visitar exposições, conhecer e aprofundar-se em planos, posicionamento de câmera e muitos outros detalhes, tornou-se mais possível e viável, diria até que tornou-se algo mais natural.
Evgen Bavcar, fotógrafo esloveno, doutor em filosofia da estética pela Universidade de Paris e cineasta, cego desde os 11 anos, destaca que é difícil falar de imagem sem relacioná-la à palavra. Em seu texto, “A Imagem, Vestígio Desconhecido da Luz”, Bavcar cita Leonardo da Vinci, que dizia:
“… se possuirmos a imagem de uma pessoa amada e um poema sobre essa pessoa, a qual daremos preferência?” Trata-se, pois, de uma imagem como lembrança de uma presença ou de um texto que comunique a beleza de uma mulher pela magia da palavra. (Bavcar, E. 2005)
Argumentos não nos faltam para contestar aqueles que ainda teimam em dizer: Pessoas cegas tirando fotos, vendo fotos… como assim??? Que o poema abaixo possa ser um ponto de partida para uma reflexão sobre o importante papel social das fotografias. Leiam o poema e escutem a gravação feita por PH Motta. Fiquem à vontade para deixar suas impressões.
Por Lívia Motta – em 12/04/2012
que bonito, lívia!
escutando teu poema, tão sensível, me vieram à lembrança os versos do gilberto gil:
“se a noite inventa a escuridão
a luz inventa o luar
o olho da vida inventa a visão
doce clarão sobre o mar”
a audiodescrição é o novo olho da vida. e com ela não há quem não possa ver o luar, é ou não é?
beijo grande e saudade (não pude acompanhar a marcia aí em são paulo, mas logo te ligo pra falar sobre nossos novos projetos – que, natural e orgulhosamente, te incluem).
Muito legal sua constatação, Mimi!!! Adorei!
Beijo.