Participei na sexta feira passada, dia 27/06, junto com Aline, minha filha, e com amigos audiodescritores da VER COM PALAVRAS (Wagner e Marina Caruso, Andréia Paiva e Rosângela Fávaro), do jantar às escuras, realizado pelo SESC Ipiranga. O jantar é um evento gastronômico que objetiva despertar e aguçar os outros sentidos, propiciando aos participantes novas formas de percepção.
Ficamos impressionados com a organização impecável, a delicadeza do atendimento, a qualidade e sabor inusitado dos pratos. Ainda enxergando, experimentamos pão de queijo recheado com carne louca, mini-pizza de gorgonzola com pedaços de pera e cestinha de massa fillo com purê de abóbora e camarão.
Antes de entrar no salão do jantar, fomos vendados e guiados às mesas redondas com capacidade para cinco pessoas. A sala de jantar era um recinto agradável com música instrumental ao vivo, cheiro de temperos e especiarias, mesas bem arrumadas com taças de vinho e água, recipiente com lavanda e um pedacinho de limão para lavarmos os dedos. Tínhamos a opção de comermos com garfo e faca ou experimentarmos comer com a mão algumas guloseimas como um pastel de damasco que acompanhava um consomê de mandioquinha com cebolas carameladas.
Muito interessante conhecer as pessoas que nos acompanhavam à mesa, imaginar a aparência, a idade, trocar ideias… Intrigante experimentar as iguarias sem vê-las, sentindo seu perfume e tentando adivinhar os ingredientes pelos sabores. Tudo isso acompanhado pela leitura de poemas, por música e aromas, muitos aromas.
A visão distrai os outros sentidos e muitas vezes nos impede de receber informações preciosas que chegam por outros canais sensoriais. Para nós que enxergamos, em torno de 80% das informações sobre as coisas do mundo chega pela visão.
No final do jantar, depois de saborearmos arroz doce com raspas de limão siciliano, acompanhado por bolinho recheado de creme de baunilha, já sem vendas, ouvimos a chef falar sobre os ingredientes, indagando sobre nossas percepções.
De fato, um programa diferente e imperdível!!! Para nós da VER COM PALAVRAS, uma oportunidade fantástica para ampliar nossa percepção, desenvolver mais a sensibilidade e refletir sobre a percepção de mundo por outros canais perceptivos, algo tão exigido em nossa tarefa de transformar imagens em palavras.
Leiam abaixo os depoimentos de quem foi:
“O jantar às escuras foi uma experiência deliciosa, prazerosa e surpreendente! Quando chegamos degustamos salgadinhos e sucos coloridos em um delicioso coquetel. As organizadoras deram informações sobre o jantar e nos incentivaram a comer algumas coisas com as mãos. Fomos vendados e levados em fila para a sala do jantar. Dividiram o grupo que estava comigo e sentei com pessoas que não conhecia. Percebi ao tatear a mesa que havia taças, uma com água e outra com espumante, talheres… todos riam e o ambiente era descontraído. Sempre que um prato era servido eu iniciava uma exploração com as mãos do que eu iria comer. Era instigante a textura e o perfume da comida. Na verdade o paladar parecia mais apurado, o desafio prazeroso era descobrir cada tempero, cada sabor. Ainda fico com a boca cheia d´agua só de lembrar do jantar… Durante todo o tempo uma banda tocava, vozes com poemas nos surpreendiam, perfumes. Num determinado momento uma caixinha de música foi colocada ao lado do meu ouvido e lembrei da casa da minha mãe e de sua caixinha. Foi uma mistura de sabores e sensações… Ficar às escuras me fez sentir mais os sons, os sabores, o silêncio, a voz e o meu coração.” (Andréia Paiva)
“Para mim , apesar de não ter sido uma experiência inédita (participei da outra edição no ano passado, e me empenhei para que meus amigos também participassem), foi tão encantadora quanto a primeira vez. O ineditismo do cardápio, da sala, das músicas, enfim, uma vivência sensorial incrível! Poder apenas sentir a proximidade dos garçons, ouvir a vibração do solo. Definir através do tato a decoração da mesa, a temperatura e contorno dos copos, fazer conjecturas sobre os ingredientes dos pratos, nos leva a refletir sobre a quantidade de sensações que nos escapam por utilizarmos tanto a visão e embotarmos os outros sentidos.” (Rosângela Fávaro)
“Foi uma experiência única, incrível, que começou com um certo nervosismo e insegurança, por estar com os olhos vendados. A escuridão e a expectativa do desconhecido me causaram um certo desconforto, que logo foi passando, pois a delicadeza e acolhimento das pessoas envolvidas na organização do jantar foi espetacular. A proposta de explorar, mais que o habitual, os outros sentidos (paladar, olfato, tato e audição) foi alcançada. Foi maravilhosa a sensação de saborear um alimento e tentar descobrir os ingredientes e temperos, aromas diversos, música e outros sons vindos de lados diferentes e tudo ao mesmo tempo… Enfim…amei e recomendo!” (Marina Caruso)
Por Lívia Motta – publicado em 01 de julho de 2014.
Sou uma pessoa que “come com os olhos”. Gostaria imensamente de participar dessa experiência sensorial!
Querida Valéria,
Vc sabe que também é possível “comer com os outros sentidos”??? Avisarei vc na próxima oportunidade.
Beijos.
Também estive lá, tudo que foi dito e comentado assino em baixo. Obrigado pela experiência SESC Ipiranga e a turma organizadora ATELIÊ ” No Escuro” G A S T R O N O M I A. Espero repetir a experiência.
Olá Miguel, muito obrigada pela visita ao VER COM PALAVRAS.
Abraços.